domingo, 7 de fevereiro de 2010

Câmara escura, enchentes e a Teia.



O objeto abaixo é uma câmara fotográfica gigante, ou melhor, uma câmara escura em formato de máquina fotográfica. Ele fez parte do projeto Conhecer para Conservar realizado em 2002, pelo IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, e teve parceria do Garatuja. Era voltado à conscientização ambiental e tinha como foco principal a importância de se preservar o pouco que restou de mata atlântica, presentes em algumas regiões ribeirinhas ao Rio Atibaia. 


Talvez, se projetos como esse fossem mantidos com regularidade, pudéssemos minimizar catástrofes como as que ocorrem recentemente, com enchentes bastante previsíveis, causadas pelo aumento das chuvas e conseqüente aumento das águas do Rio Atibaia. A câmara gigante fazia parte da oficina de fotografia artesanal, onde quatrocentas crianças construíram pequenas câmaras com latinhas e embalagens de papelão e com elas registraram a situação do Rio Atibaia. Crianças de Campinas, Valinhos e Vinhedos conheceram o Rio Atibaia em estado puro, cristalino, próximo a Joanópolis, e crianças de Joanópolis e regiões, puderam constatar o estrago que as cidades que a margeiam fazem, quando usam o rio como sua latrina particular, até chegar ao estado deplorável quando de sua passagem pela cidade de Campinas. Tudo isso registrado pelas pequenas câmaras fotográficas produzidas por eles e que mais tarde circulou em forma de exposição por várias cidades da região.



Mas voltemos à câmara... Pra quem não conhece, trata-se de uma réplica das antigas máquinas fotográficas Kapsa, conhecida também como “caixão de abelhas”. A Kapsa foi à primeira máquina desse tipo, fabricada no Brasil por volta de 1950. A que tenho, e que me serviu de inspiração, é do tipo “pinta vermelha”. Li em algum lugar que existem outros modelos mais simplificados conhecidas por “pinta branca” e “pinta azul”. Feita em madeira, essa réplica desperta grande admiração em quem se dispõe a permanecer alguns segundos fechados em seu interior, totalmente no escuro, até esperar que a retina acomode e comece a enxergar a imagem externa, de ponta cabeça, projetada em seu interior. Trata-se de um fenômeno já percebido desde a Antiguidade e que faz parte do sistema ótico de toda maquina fotográfica, mas pelo inusitado e simplicidade da situação desperta grande curiosidade em crianças e também nos adultos. Esse objeto fará parte da Mostra Artística da TEIA Guarulhos, que acontecerá entre os dias 26 de fevereiro a 2 de março.  O Garatuja também irá participar da Mostra com a apresentação da dança Cinestesias, desenvolvidas pelos integrantes do Ponto de Cultura, e exibição das animações realizadas por crianças.

Marcio Zago

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