quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Vivência com integrantes do fandango vindos do Paraná


Fandango do Paraná acontece no Ponto de Cultura IAC Garatuja – Atibaia

A convivência com a diversidade cultural é uma tônica do Instituto de Arte e Cultura Garatuja, Ponto de Cultura. Dentre as diversas atividades de formação artística está a realização de vivências onde haja o convívio com a cultura brasileira, regional e local. Outras oficinas e vivências já aconteceram como a de Moçambique, Batuque, Jongo, Congada, enfocando manifestações da nossa região e do Estado de São Paulo. Agora terá destaque uma das principais manifestações culturais da Região Sul do Brasil, o fandango paranaense. O foco da oficina acontecerá com duas modas bailadas, dançadas ao modo do forró, e duas batidas em que se usam os tamancos de madeira. Também serão apresentadas noções de adufe, rabeca e viola, e a maneira de confeccioná-los artesanalmente. A oficina será conduzida pelos fandangueiros de Guaraqueçaba – PR, Leandro e Heraldo, nos dias 21 e 22 de outubro, a partir das 17 horas, no Garatuja, com inscrição gratuita.
O que é o fandango?
Fandango é uma manifestação cultural popular de cunho comunitário, ligado aos mutirões, uma realização coletiva, como um roçado ou a construção de um telhado, por exemplo, onde todos trabalhavam o dia inteiro, e ao fim, o dono da propriedade oferecia uma festa como forma de pagamento, o fandango, que durava até o amanhecer do outro dia, ou mais. É uma manifestação popular tida como genuinamente paranaense, mais precisamente do litoral. Sua origem na verdade é nebulosa, mas conta-se que veio de Portugal, com influências espanholas e se uniu aqui a outros rituais e crenças, tanto do Paraná, quanto de Santa Catarina e São Paulo. No Brasil podemos encontrar Fandango no Nordeste, que se caracteriza como um auto dramático, também conhecido por Marujada, Chegança, entre outros. Afora é caracterizado como um baile sulista, no Rio Grande do Sul possui características próprias, assim como o Paranaense, que está ligado intimamente à Cultura Caiçara. É um gênero que reúne dança e música, executado com Violas, Rabeca, Adufe (pandeiro) e Tamancos. As modas, como são chamadas a música e dança, podem ser batidas ou valsadas, e possuem uma estrutura poética consistente, que varia também conforme o cantador e a região. Quanto à execução, existem regras e argumentos estéticos extremamente definidos, e acoplados a uma série de características que se diversificam a cada comunidade, como os tradicionalismos dos bailes, principais modas, formas de aprendizado, etc. Se constituem de várias danças regionais, denominadas marcas do Fandango. As principais marcas são: Anu, Xarazinho, Xará-Grande, Queromana, Tonta, Dondon, Chamarrita, Andorinha, Cana-Verde, Marinheiro, Carangueijo, Violão-de-Fita, Meia-Canja, Chico, Tiraninha, Lageana, Passeado, Feliz, Serrana, Sabiá, Recortado, Caradura, Sapo, Tatu, Porca, Estrala, Pipoca, Mangelicão, Coqueiro, Pega-fogo e outras. As danças se dividem em dois grupos: as batidas e as valsadas ou bailadas. As primeiras se caracterizam pelo sapateado forte, barulhento, batido a tamanco ou sapato. É nos litorais Paulista e Paranaense que acontece o fandango com o qual estaremos lidando. Em Paranaguá, cidade portuária à uma hora de Curitiba, se concentram os fandangueiros, especialmente nas ilhas das redondezas, como Guaraqueçaba. Lá estão vários grupos, como a família Pereira, os mestres Romão e Eugênio - nomes, entre outros, sempre citados quando o tema entra em cena. Em Guaraqueçaba, se manifesta com grupos mirins que dançam e tocam, através de apresentações teatrais e de grupos tradicionais. O fandango deve muito à Família Pereira, sem desconsiderar, é claro, todas as iniciativas e os fandangueiros locais, a Família Pereira é o exemplo mais forte da resistência. Talvez seja a única que ainda guarda as características mais tradicionais do fandango por ter permanecido isolada no interior de Guaraqueçaba durante mais de 50 anos. A Associação de Fandangueiros de Guaraqueçaba, recebeu apoio do Ministério da Cultura, através do projeto Pontos de Cultura. Através deste projeto o MinC repassa verbas diretamente para manter projetos de cunho cultural. Ele integra o Programa Cultura Viva e agrega agentes culturais cujo objetivo é articular e impulsionar um conjunto de ações em suas comunidades, e destas entre si. A Associação Manticuera também é uma entidade que quer organizar o circuito de manifestações culturais da região. Tem cerca de 350 meninos que batem tamanco e também tocam viola, no qual Leandro atua ensinando fandango.
Quem são os fandangueiros Leandro e Heraldo
O Heraldo Simão é o mais novo fandangueiro da família mais tradicional de fandango do Paraná. Ele tem 26 anos é construtor de rabeca e viola, desde sua infância convive com o fandango, pois morava numa Ilha próximo de Guaraqueçaba onde o único divertimento do povo era o fandango, já gravou 3 Cds junto com a Família Pereira e já ministrou várias oficinas de construção de instrumentos. Leandro Diéguiz Gonçalves tem 23 anos e é integrante de um grupo de teatro de bonecos de Guaraqueçaba, o Mamulengo Fâmulos de Bonifrates, formado em 1999 com o intuito de fortalecer o fandango através de suas peças e resgatá-lo na memória do povo já que havia enfraquecido, o grupo participa anualmente do Festival Internacional de Teatro de Bonecos de Curitiba desde sua formação, desses 10 anos o grupo colaborou muito para o fortalecimento da cultura caiçara no litoral do Paraná divulgando e mantendo seus trabalhos divulgando essa cultura. Trabalha no projeto Fandango na Escola em parceria com a Associação Mandicuéra de Cultura Popular onde ministra aulas de fandango aos alunos de quinta série do ensino público. Participa da Associação dos Fandangueiros do Município de Guaraqueçaba e é coordenador do Ponto de Cultura Casa do Fandango onde acontecem todos os eventos e atividades do município de Guaraqueçaba. Se apresenta com o grupo Família Pereira tocando rabeca ou dançando o batido.
Mais informações poderão se obtidas no Instituto de Arte e Cultura Garatuja, situado à rua Esmeraldo Tarquínio, 346, Jardim Tapajós, Atibaia-SP. Fone (11) 4412-9964. Participe.

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